Janeiro, verão, muito sol na cidade maravilhosa, e enquanto a praia estava sendo disputada nos mínimos metros quadrados, decidimos fazer algo diferente e que nos trouxesse alguma perspectiva nova do Rio de Janeiro.
Saí, junto com uma amiga que me acompanhava na viagem, em direção ao ponto de ônibus mais próximo e, como combinado, o primeiro que parasse a gente entraria e pararia no lugar que a gente quisesse. O primeiro destino escolhido, a Gávea, não nos encheu muito os olhos. No entanto, e como ainda eram 16h e o sol só se despedia às 20h, continuamos em busca de um lugar para assistirmos ao nosso último pôr do sol da viagem.
Assim, depois de alguns telefonemas não respondidos, conseguimos falar com um amigo, que nos convidou para conferir seu trabalho no Morro Santa Marta, e lá fomos nós, para uma experiência que no mínimo seria diferente de todos os outros dias só de praia.
Já em frente ao Morro, o medo bateu. Depois de tanto o que a gente ouve na TV, íamos mesmo arriscar subir um morro, assim do nada? Foi quando questionamos uns policiais que estavam próximos e um logo disse bem firmemente: – Perigo, minha senhora, é você não subir. Então, já que é assim, vamos lá!
Nos primeiros segundos da nossa primeira entrada em um morro, a nossa impressão sobre o mesmo já era modificada. Por ser uma comunidade, e os moradores conhecerem uns aos outros, perceberam logo nossa presença, e lá começaram os “Boa Tarde“, “Sejam Bem-Vindas ao Santa Marta“, “Não deixem a estátua do Michael Jackson“, “Vão na casa que o Huck reformou” etc.Dicas de como aproveitar nossa visita ao morro choviam. E na espera do bondinho, já fizemos muitas amizades: todas muito simpáticas, demonstravam orgulho do Morro e queriam nos contar todos os detalhes de como era a vida lá.
Depois de muita conversa, pegamos o bondinhos com alguns moradores e alguns turistas, já na 3ª estação, nosso amigo nos esperava, para continuarmos nossa visitinha.
Conhecemos primeiro a ONG em que ele trabalha, que leva arte e cultura ao Morro, e estava preparando mais um festival gratuito de cinema com filmes brasileiros para toda a comunidade. Passeamos mais um pouco pelos lugares que homenageiam Michael Jackson, que visitou e gravou lá o clipe de “They Don’t Care About Us“, nos anos 90. Uma estátua e um muro que desenhava em azulejos o rosto dele, perto de onde se ensaiava algumas músicas de samba para o carnaval carioca, homenageava Michael.
Um lugar muito especial, uma experiência inexplicável e altamente recomendável, com pessoas incrivelmente encantadoras, que nos reportaram tudo que o Morro tinha vivido com muita alegria. Tudo fez parte de uma visita, que sem dúvida, marcou a minha vida. Fechamos a noite com muita conversa e risadas, e com uma vista privilegiada do Cristo Redentor e da Lagoa Rodrigo de Freitas.
A pacificação de alguns morros cariocas nos permitem experiências assim. Já não dá mais para ficar só nas praias: a vista lá de cima é ainda mais bonita.
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Texto da Marina Costa, nova na equipe Ando Experimentando.
Seja bem-vinda, Marina! (: